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Nascido no Brasil, iniciou sua carreira de solista aos sete anos de idade. Aos oito anos, tocou com a Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência do maestro Eleazar de Carvalho. Aos treze anos, foi para Paris como bolsista do Governo Francês. Lá, foi aluno de Magda Tagliaferro e, em seu primeiro concerto, tocou Villa-
Aos vinte anos, Varani foi para os Estados Unidos onde reside até hoje. Em Nova York, estudou com Rosina Lhevinne na Juilliard School of Music e com Artur Balsan e Dora Zaslavsky, na Manhattan School of Music, onde ganhou o “Harold Bauer Award”. Entre outros prêmios, foi merecedor do primeiro lugar na “Chopin International Competition” em Mallorca (o que veio a impulsionar sua carreira internacional), do prêmio “Musician of the Year”, da Michigan Foundation of the Arts e, ainda, o de “Melhor Solista do Ano”, pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Em sua carreira de concertista, vem se apresentando em várias cidades por todo o mundo. Destacamos seu trabalho na França, Japão, Alemanha, Estados Unidos, Colombia, Venezuela, Equador e Brasil. Nestes países, Varani apresenta-
Há anos, Varani vem se apresentando em turnês por várias cidades do Japão como solista e professor e, também, como artista convidado do Vienna-
Flavio Varani tem feito discos para a Orion Master Recordings (USA) e Maison Dante (França). Em 97, gravou, no Brasil, CD contendo obras de Villa-
Foi escolhido para integrar a “Roster of the Steinway Artists”, honraria que vem sendo concedida a um grupo seleto de pianistas internacionais pela manufatura de pianos Steinway & Sons, desde a época de sua fundação no século passado. Desta lista, fazem parte nomes como Guiomar Novaes, Horowitz, Rubinstein, Paderevski e Alicia de Larrocha, entre outros.
Atualmente, Varani é artista residente da Oakland University (USA). Suas master classes são transmitidas, simultaneamente, via satélite, para 2 Universidades nos USA: Oakland University e North Western University.
Em todas as cidades do mundo onde se apresenta, VARANI reserva parte do seu tempo para partilhar seus conhecimentos e experiências com estudantes, ministrando palestras e master classes.
Extratos de Críticas:
American Record Guide
crítica ao CD “Cartas à Posteridade”,
intérprete : pianista Flavio Varani
obras de Heitor Villa-
selo Paulinas-
O American Record Guide publicou crítica ao CD “Cartas à Posteridade”, do pianista brasileiro Flavio Varani, interpretando obras de Heitor Villa-
O crítico Allen Linkowski diz:
….Flavio Varani abre seu programa com uma dessas “ferozes” Cirandas, a número 8, e imediatamente entramos em um nível criativo diferente. Podemos ouvir a pauta do compositor ficar mais ousada, mais complexa. O tecido musical fica mais denso enquanto ele explora as vastas possibilidades do piano. As dificuldades técnicas da obra de Villa-
Do período anterior (1919-
Completando o programa, temos as Bachianas Brasileiras nº 4. Fiquei admirado com a energia cinética do pianismo que Varani nos oferece nesta peça. A eletricidade que ele gera é incrível. Faíscas voam de cada nota. Ele é um mestre indiscutível de seu instrumento. Possui controle técnico e uma grande sensibilidade para todos os aspectos da rica tapeçaria musical que Villa-
O livreto do CD traz breves mas informativos comentários em português e em inglês, numa tradução um pouco desajeitada.
Eu aconselho a todos que adicionem esta enobrecedora gravação à sua coleção de CDs. É estupenda!
Allen Linkowski American Record Guide novembro/dezembro/1998
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Pianista Flavio Varani recebe prêmio nos Estados Unidos pelo CD “Cartas à Posteridade”
O pianista brasileiro Flavio Varani, residente nos Estados Unidos, acaba de ser agraciado com o DETROIT MUSIC AWARDS, pelo seu CD “Cartas à Posteridade”, que foi considerado como “Melhor CD de Música Clássica de 1999“.
“Cartas à Posteridade” , que já havia recebido excelente crítica no American Record Guide (nov/dez/98), foi gravado no Brasil pelo selo Paulinas-
Marina Villara –
ENTREVISTA
Márcia Vetromilla
1 –
Flavio Varani
É o caso da reciclagem! Alguma obra nova junto com obras anteriores aprendidas. Também é preciso manter a lembrança de quais obras foram apresentadas, em que lugar e quando… Portanto, uma questão de organização.
Márcia Vetromilla
2 –
Flavio Varani
A memória tem um aspecto técnico e um aspecto intuitivo. A observação cuidadosa da partitura será primordial. É necessária uma análise minuciosa de detalhes, tais como: a tonalidade, a métrica, os motivos musicais. Então, passar para o que é repetido durante a execução, quantas vezes, tonalidades novas, variantes etc. Na realidade, não é só lembrar de notas mas, também, números (compassos, pausas, repetições etc.). Lembro-
Márcia Vetromilla
3 –
Flavio Varani
Villa-
Márcia Vetromilla
4 –
Flavio Varani
Eu não tive a oportunidade de frequentar a Universidade no Brasil , já que passei minha adolescência e juventude fora do país. Hoje, sou professor universitário nos Estados Unidos e ensino durante minhas viagens em vários países e vários tipos de entidades educacionais. Principalmente na Europa (Alemanha) e no Japão.
Como tenho ido com maior frequência ao Brasil, notei que a distância que existia entre a educação brasileira e a educação estrangeira não é mais notória. O que distingue o estudante brasileiro é a capacidade de lidar com os problemas burocráticos com a leveza de dançarinos… E, depois, o brasileiro é um povo musical que se exprime com facilidade e emoção.
Também lembro a existência de professores e pedagogos formidáveis que se dedicam ao ensino com um amor fora do comum.
Márcia Vetromilla
5 –
Flavio Varani
O som é muito difícil de ser ensinado porque depende de tantos fatores extraordinários para produzir resultados. A qualidade do instrumento, a acústica do local e, até, hábitos culturais. Assim, por exemplo, a escola russa produz um som que é muito admirado, baseado na emoção intensa que o povo sente. Até pode ser, às vezes, nocivo pois esse som é mais apropriado para o estilo romântico, que tanto combina com o caráter cultural, o que não é sempre o mais aconselhável em outros estilos.
Minha mestra, Madalena Tagliaferro, sempre dizia que não se deve ter somente sons bonitos mas, também, sons feios! E vou mais adiante: sem o contraste entre os sons “bonitos” e os sons “feios” não se pode julgar a qualidade nem a mensagem musical. Para desenvolver o som é necessário um conhecimento preciso do corpo humano nas partes que são usadas para a produção do som como os ombros, cotovelos, munheca (pulso), mãos e os dedos; e, também, o pescoço, as costas etc.
Precisamos, também, reconhecer que o piano é um instrumento de percussão, que responde como os tambores, os martelos, os repiques. Podemos estudar, para começar, usando as escalas e atacar cada nota a partir do cotovelo, como uma gangorra e deixar que o braço inteiro atinja a nota e entre em “repouso”. Experimentando os ângulos e os esforços para detonar essa gangorra é que se obtém um resultado satisfatório. É o ouvido que ensina.
Outro tipo de som é o que eu chamo de “artificial” para o piano. É o caso de tocar “legato” (ou ligado). Todos os compositores, até hoje, têm procurado produzir no piano sons que se diluem, uns aos outros, produzindo, assim, o efeito “ligado” e “cantado” que os cantores e os instrumentistas, que não os percussionistas, são capazes de proporcionar. Para isto, de novo, nas escalas, toca-
Musicalis
6 –
Flavio Varani
Muito obrigado, Estela; o entusiasmo e paixão que sente pela educação e propagação da música são contagiantes. Parabéns pelo seu trabalho no Musicalis. Respondendo à sua pergunta: estou com um projeto novo sobre o qual ainda não posso falar. Sabe como é… uma vez expressa a novidade, torna-
Sérgio de Smone
7 –
Flavio Varani
Com prazer em ver seu nome nesta entrevista e com saudades da Romana…, respondo à sua pergunta: Sou um artista “Steinway” (pertenço à Roster of the Steinway Artists) o que significa que minha prioridade é, sempre que possível, tocar num piano da marca Steinway. Mas, no Brasil, nem sempre podemos ser muito exigentes, já que a importação e o custo de um piano de concerto são proibitivos.
Um bom piano só pode viver 20 anos de vida “profissional”. No Brasil, muitas vezes, temos que manter os velhos instrumentos até que expirem. Portanto, as surpresas são grandes e variáveis quando se viaja pelo Brasil afora.
Meu segredo: “não é culpa do piano, mas minha mesmo”. Procuro adaptar-
Se eu tivesse força política, eu pediria às nossas autoridades que deixassem a entrada livre para os instrumentos que ainda não somos capazes de construir. São caros por serem feitos à mãos, de forma artesanal. O nosso Governo não deveria preocupar-
Piano Class
8 –
Flavio Varani
Com minha experiência de hoje em dia, eu diria que devemos ensinar primeiro as crianças a ouvir. Para isso, a dança é um começo. Movimentar-
Piano Class
9 –
Flavio Varani
O Brasil é terra de pianistas! Já dizia a Guiomar Novaes… A história nos conta que um grupo de cinco fazendeiros ricos decidiram juntar seus fundos monetários e trazer para o Brasil um professor pedagogo que ensinava na Suíça e era proveniente da Itália: esse foi CHIAFARELLI, professor de Antonieta Rudge e de Guiomar Novaes entre outros tantos pianistas que foram ajudados por ele. Até Magda Tagliaferro “passou” pelo Chiafarelli, já que seu próprio pai assistia aos alunos dele –
Os jovens de hoje são mais profissionais e mais atentos às mudanças de mercado. Educam-
Piano Class
10 –
Flavio Varani
Eu estimo os pianistas dependendo das obras que tocam e dependendo do momento. Meu interesse varia segundo o que estou estudando. Portanto, a execução das Sonatas, em vídeo, feita em Munique pelo Baremboim é para mim como uma leitura à vista, pela clareza de interpretação e pelo maravilhoso trabalho visual de fazer um paralelo entre a obra e o recinto onde a obra está sendo apresentada. Para cada sonata, é um salão diferente, pertencente a velhos castelos, com estilo da época de Beethoven. O surpreendente é que não só muda o estilo como, também, a acústica, devido à arquitetura desses ambientes.
Em Tóquio, diariamente, às 8 horas da manhã, enquanto se toma o café, ouve-
Piano Class
11 –
Flavio Varani
Cada país produz uma grande quantidade de jovens talentosos que produzem músicas novas. Eu tenho colegas na Oakland University que apresentam obras das quais eu participo com grande prazer. Direi que gosto quando sinto a expressividade da obra. É a emoção que me interessa e não a técnica empregada.
Quanto a destaque, outro dia fui a um concerto muito cuidadosamente apresentado de um grupo que só toca as composições de Steve Reich. Muito profissional. Os participantes tinham até um “uniforme”. Uma das obras chamava-
Deise Previato
12 –
Flavio Varani
Oi, Deise. Obrigado pela sua participação na entrevista. Minha resposta: A memória musical é: a) –
Dicas: Faça estudos fora do teclado. Faça comparações. Na música, há sempre motivos, temas, passagens que se repetem. Quantas vezes do mesmo jeito ou de um jeito diferente. Números são bons também; a 1ª vez, a 2ª vez… Sente-
A Piano Class agradece a participação de todos e em especial do pianista Flavio Varani por nos conceder esta oportunidade de engrandecermos os nossos conhecimentos através da sua experiência.
Obrigado!
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